“A literatura e a política, estas duas faces bem distintas da sociedade civilizada, cingiram como uma dupla púrpura de glória e de martírio os vultos luminosos da nossa história de ontem”. Essas palavras de Machado de Assis abrem o artigo “O passado, o presente e o futuro da literatura”, publicado nos dias 9 e 23 de abril de 1858, em A Marmota (RJ).
Transpusemos tais impressões
para mirar o que está às vistas de todos, descortinar o presente caótico da
dita sociedade civilizada, em que rebeliões em presídios, invasão de órgãos
públicos, tomada de cidades por bandidos armados, corrupção nas várias esferas
dos poderes constituídos, destruição da natureza, prostituição de menores,
trabalho escravo etc são divulgadas pela mídia.
Em todos os recantos
contam-se em poucos os que acreditam nos políticos. Abandonados, os cidadãos
não vislumbram boa-vontade nas ações políticas.
Amordaçada pela miséria,
pela insensatez, pela falsa liberdade, pela incompetência, pela inexistência de
compromisso social; amordaçada pela falta de solidariedade, de ética; pela
omissão, pela incúria, pelo egoísmo, pelo analfabetismo político, pela
corrupção, pelo descaso para com a Pátria, a população pede socorro.
Mas a nação há de resgatar
os valores perdidos na insensatez dos tempos modernos. A nação precisa se
regenerar, construir, como dizia Machado, “a união do desinteresse, do
patriotismo e das virtudes humanitárias”.
A nação precisa se
reconstruir, ou melhor, constituir-se num organismo vivo, pulsante, palpitante,
coeso, forte, sereno, com densidade tanta que sua presença na geopolítica
mundial se imponha como força transformadora das várias sociedades igualmente
injustas, sem dependência dos financistas internacionais que amealham fortunas
e aniquilam os mais pobres.
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