Há mais ou menos duas semanas Teresina se deparou com um
problema sério: a interdição da BR-316, na saída sul da cidade. Ocupantes dos
apartamentos do residencial Torquato Neto, na região do Porto Alegre,
reivindicavam a oficialização das moradias. A polícia foi acionada para conter o
movimento.
Cerca de 3 mil famílias provenientes de vários bairros,
alegando sem ter onde morar, ocuparam os imóveis. Os apartamentos foram
sorteados, mas os verdadeiros donos para lá não se mudaram. Os ocupantes alegavam
que muitos desses proprietários não precisam das casas.
Ontem, uma emissora de tevê inseriu reportagem sobre o
abandono de casas e apartamentos em alguns estados. Muitos deles abandonados ainda
em construção devido a problemas com as construtoras.
Enquanto isso, milhares de pessoas, dentre crianças, idosos
e adultos, precisam de abrigo. As famílias são obrigadas a pagar aluguéis
caros, reduzindo o seu poder de compra e sua dignidade porque diminui o
dinheiro para as obrigações escolares, o transporte, a comida, o lazer, o
vestuário, o medicamento etc.
Ao mesmo tempo, equipamentos públicos construídos nesses
conjuntos residenciais são abandonados e atraem vândalos. É o que ocorre com o
Espaço Cultural Raimundo Pereira, no Residencial Jacinta Andrade, na zona Norte
de Teresina. Os vândalos já quebraram as portas de vidro e outras instalações
do prédio, segundo divulgou hoje o jornal Diário do Povo.
E não é só isso. Há muitos exemplos do desperdício do
dinheiro público, enquanto boa parte da população permanece abandonada nos
porões da indignidade, e nada, absolutamente nada acontece com os dilapidadores
dos recursos financeiros do povo.
Em meio a tanto descalabro, vereador de uma cidade do Pará
diz que só pode sobreviver se for corrupto. Vocês devem se lembrar de que se
atribuiu ao ex-presidente Lula declaração segundo a qual só é possível governar
com os mensalões.
Agora, o presidente alerta que o PT perdeu um pouco da
utopia e que muitos dos seus filiados só pensam em cargos e em se eleger. Tal
postura é comum na política brasileira, que busca renovação.
O que está fazer? Repensar a condução da coisa pública,
repensar em construir a vida verdadeira em que as pessoas sejam respeitadas.
Regenerar a nação e refazer a República.
Acreditar. Sim, acreditar. Ainda não é o fim do mundo.
Vivemos uma crise moral que a inteligência brasileira há de
vencer.
Domingos Bezerra
Filho
Editorial do Jornal
da Teresina 2ª Edição de 24.06.15
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