Somos acostumados a cobrar ações eficazes do poder público
contra a violência que nos ataca toda hora. Na porta de casa, dentro da
repartição, no posto de gasolina, na escola, na igreja, no cemitério, no meio
da rua. Cobramos e não achamos solução.
Cobramos a construção de mais presídios. Cobramos a
contratação de mais policiais civis e militares, cobramos a contratação de
investigadores, cobramos a contratação de mais agentes penitenciários, juízes,
etc, etc, etc.
Não cobramos a construção e a melhoria de escolas públicas,
estas, sim, as formadoras de gente, de caráter, de verdadeiras pessoas humanas
com as quais convivemos e das quais esperamos atenção, carinho, dedicação,
amor.
Cobramos da justiça a prisão dos marginais. Muitos de nós
pedimos até a pena de morte para aqueles que cometem crimes os mais hediondos.
Cá comigo chego a pensar que muitos desses bandidos merecem mesmo a pena de
morte, que não é legalizada em nosso país. Mas ela existe por aí, no meio do
povo, este, sim, condenado à podridão da corrupção, da desonestidade, da
imoralidade, da hipocrisia, da mentira.
Por que não cobramos a aquisição de livros para as
bibliotecas públicas? Aplaudimos os shows que nossos prefeitos contratam para
oferecer o circo e o ópio ao povo nas praças públicas, mas não cobramos a
ampliação do número de bibliotecas públicas na cidade e no estado.
Todos queremos galgar novos postos no contexto da sociedade,
queremos subir. Como diz a letra da música, “todo mundo quer subir, a concepção
da vida admite, ainda mais quando a subida tem o céu como limite”. Mas
esquecemos de que para subir é preciso construir a escada, a escada moral
baseada na dignidade da pessoa humana, na honestidade, na verdade, no
compromisso social e individual, na responsabilidade pessoal com as pessoas e
com a vida, com a vida de cada um e de todos.
Estamos em plena campanha eleitoral. Você já ouviu ou viu
algum candidato falar da distribuição de livros? Acredito que não. Duvido até
que algum deles tenha se lembrado de ter lido alguma coisa. O que leram já
esqueceram.
Como vão querer construir um estado decente se sequer têm
programas para a difusão da cultura e do conhecimento?
Editorial do Jornal
da Teresina 2ª Edição de 17.07.14
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