A nova configuração do Congresso Nacional e o resultado das urnas indicam que o País precisa refazer sua trajetória, construir uma nova história, dar novos rumos à economia, às relações políticas e institucionais.
A pequena diferença entre a votação consagrada à presidente
Dilma Rousseff (PT) e a oferecida ao senador Aécio Neves (PSDB) impõe alteração
profunda no tratamento da coisa pública.
E tudo começa com a relação entre o Palácio do Planalto e o
Congresso Nacional. Ontem, a presidente teve a primeira derrota na Câmara dos
Deputados após a eleição com o veto ao decreto que estabelece a consulta a conselhos
populares por órgãos do governo antes da implementação de políticas públicas.
Setores do Palácio do Planalto, contudo, consideram que essa derrota não
significa nada. Pode até não significar porque governo sempre é poderoso, mas
não deixa de ser o primeiro recado de como o Congresso Nacional quer ser
tratado.
As forças sociais e populares, as instituições sociais e democráticas, a
população brasileira, enfim, sinalizam que querem mudanças.
Não valem nada aquelas manifestações de junho do ano passado? Valem,
sim. Podem acreditar. Se não valessem, a presidente não teria vitória tão
apertada. Aquelas manifestações foram um aviso, embora proveniente de movimento
dispersivo, quase sem concentração ideológica, mas imbuído do sentimento de
mudanças.
Mudanças não apenas nos valores das passagens de ônibus, não. Mudanças
gerais que insiram a população no contexto das decisões políticas e econômicas.
Não é de uma hora para outra que se transforma a sociedade. A mudança
ocorre depois que os recados são dados. No caso de uma democracia que se
consolida, como a do Brasil, as mudanças são resultantes desses avisos dados
nas urnas, antes precedidos de manifestações nas ruas, nas redes sociais, nas
emissoras de rádio, de tevê, na mídia, de modo geral.
A presidente da República ouviu o recado e promete iniciar o diálogo com
o Brasil dividido. Dividido, não segregado. O apartheid brasileiro apregoado
por aí não existe. Há opiniões diversas e divergentes, o que é salutar em uma
democracia.
Domingos Bezerra
Filho
Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 29.10.14
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