Dados do Plano Estadual de Habitação de Interesse Social indicam
que em 2010 o déficit habitacional em Teresina era de 51 mil unidades. Segundo
estudo realizado pelo IBGE, hoje o déficit é de 32 mil moradias, uma redução
significativa de 37%.
A considerável redução do déficit deve-se principalmente aos
empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida, que, com a crise, pode
estar ameaçado, pelo menos temporariamente. Aliás, os financiamentos
habitacionais vão sofrer mudanças com os ajustes que o governo federal está
fazendo nas finanças públicas.
Outras forças também contribuíram para a diminuição da
carência habitacional, como a iniciativa privada, por exemplo.
O que não dá para entrar na cabeça de ninguém é que,
enquanto milhares de pessoas precisam urgentemente de abrigo, o poder público
constrói conjuntos residenciais e os deixa fechados sob as mais esfarrapadas
desculpas.
Aí aparecem os invasores (junto com eles, os vândalos e os
aproveitadores), os quais, alegando “viver de aluguel”, integram novo
contingente social, novo grupamento social cujas ações, às vezes desesperadas,
podem representar uma bomba prestes a explodir.
O prazo para ocupação dos imóveis é de 30 dias. Ocorre que
sem a mínima estrutura, as famílias, com crianças e idosos, adiam a mudança.
Esta é uma das razões. Outra: tem gente sorteada que não precisa de moradia. Já
a possui e quer fazer negócio com o benefício.
Essas moradias, para ser ocupadas, deveriam dispor de água,
luz, calçamento, saneamento básico. Os conjuntos residenciais deveriam ser
dotados de equipamentos urbanos como praça, área de lazer, quadras de esporte,
posto de saúde, escola, biblioteca, transporte público etc.
Acham muito?
Essas casas e apartamento serão habitados por pessoas
humanas, contribuintes, cidadãos, gente que merece respeito, que tem direitos e
deveres assegurados nas leis do sistema democrático.
O governo acha que os problemas não bastam? O que as
autoridades estão esperando? Um conflito de proporções inimagináveis? Um
confronto entre as famílias sorteadas e as ocupantes?
Não dá para entender. Estão brincando com a vida das
pessoas. Estão jogando com a vida das pessoas. Estão fazendo demagogia com a
vida das pessoas.
Domingos Bezerra
Filho
Editorial do Jornal
da Teresina 2ª Edição de 20.05.15
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