A morte do camelô piauiense residente em São Paulo há, pelo
menos, dez anos, é apenas um indicativo de como precisamos imediatamente
reciclar os policiais e cuidar efetivamente da segurança pública. Não estamos
nos referindo, em hipótese particular, aos policiais piauienses, os quais
consideramos de exemplar conduta.
Mas é preciso botarmos o dedo na ferida e reconhecermos que
a conduta do policial precisa mudar em todo o país. Aliás, em São Paulo , muitas vezes
não se consegue separar o policial do bandido. Por outro lado, ser policial,
ser militar, enfim, nas grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, resulta
em correr risco, em sair de casa sem saber se vai voltar ao terminar o expediente.
Muitos já tombaram em combate, principalmente os honestos, os justos, os
cumpridores do seu dever. Até aqui no Piauí.
Sabe-se que os marginais valem-se do anonimato e da
facilidade que têm de se esconder, de fugir, com a utilização do dinheiro e dos
bens que roubam e assaltam. Escondem-se e, então, ao saberem da presença ou da
proximidade de qualquer militar buscam tirar-lhe a vida. Esta é uma realidade em São Paulo e no Rio de
Janeiro. Além disso, os policiais tem atividade altamente extressante.
E o nosso conterrâneo? Casado, pai de família, morto por um
policial que já responde por outra morte, cometida em março naquele estado. O
que permitiu a presença, nas ruas, desse policial? O protecionismo, a
corrupção, o corporativismo?
A polícia, como instituição, precisa se renovar, adotar
posturas mais cidadãs, mais dignas, mais justas. Devem-se reciclar não apenas
os policiais inferiores, não, mas os superiores, também. Se o comandante desse
policial acusado de matar o piauiense deu autorização para ele permanecer na
rua mesmo com um crime nas costas, esse comandante deve se reciclar. Ou foi
outro problema? Falta policial? O contingente é reduzido? Mesmo que o seja, não
justifica.
O camelô piauiense também extrapolou porque tentou tomar
alguma coisa da autoridade policial. Sem dúvida, uma atitude impensada.
A polícia deve ser aliada do cidadão; não inimiga dele, como
se comportou o policial paulista.
No Piauí, a proposta do Ronda Cidadão é exatamente esta. Em
alguns estados, a ideologia da polícia cidadã vem sendo adotada. Pernambuco e
Amará são dois dessas unidades federativas a implantar esse novo modelo.
Aqui, no distante e pobre Piauí, é premente cultivarmos nova
prática para evitar que o nosso policial, um dos melhores do país, se
transforme no que o policial paulista que matou nosso conterrâneo se revelou.
Nós todos, por outro lado, respeitemos a autoridade
policial, na medida em que ela é o representante do Estado com a obrigação
legal de proteger o cidadão.
Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 22.09.14
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