Acabou ontem a festa brasileira mais popular, cujas origens
remontam à Mesopotâmia, a Grécia e a Roma e que em alguns estados não são
apenas três dias, mas quatro, cinco ou mais e antecede a Quaresma, que começa
hoje, Quarta-Feira de Cinzas.
A data é celebrada pelos cristãos ocidentais como símbolo
para a “reflexão sobre o dever da conversão, da mudança de vida, recordando a
passageira, transitória, efêmera fragilidade da vida humana, sujeita à morte”,
cita a enciclopédia virtual wikipedia. Ocorre 40 dias antes da Páscoa, sem
incluir os domingos, ou 46 dias, incluindo-se os domingos.
Todos temos conhecimento da fragilidade da vida e a única
certeza que temos é que um dia iremos morrer, ou passar desta para outra, como
dizem alguns; ou desencarnar, como afirmam os espíritas.
Mas o que vale a vida para você? Está claro que cada um, com
o livre arbítrio oferecido por Deus ao criar o Universo e seus moradores, refletem
de modo particular, privado, único, sobre o sentido da existência humana, da
vida.
Vida e morte. Dois extremos. Duas realidades completamente
distintas, mas próximas, apesar dos contrários que esses termos significam.
O poeta Thiago de Mello fala da vida verdadeira, exposta,
responsabilizada com a existência comum e a distribuição comum das riquezas,
“carregando um grito que cresce cada vez mais na (...) garganta”.
Embora alguns cristãos utilizem a Quarta-Feira de Cinzas
para lembrar a mortalidade, a data nos remete para o sentido permanente da
vida, da vida que temos, no dia-a-dia, no nosso trabalho, nas nossas casas, nas
escolas. A data nos remete para refletirmos sobre o sentido da vida que
queremos construir junto com os nossos semelhantes.
A vida que queremos é uma vida verdadeira? No poema Estatuto
do Homem, determina o poeta: “Fica decretado que agora vale a verdade. Agora
vale a vida, e de mão dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira”.
No Artigo Sétimo declara que “fica permitido que o pão de
cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o
quente sabor da ternura”.
Desejamos nesta Quarta-Feira de Cinzas, que o homem renasça
das cinzas, como fênix, para reconstruir a vida verdadeira que cada cidadão e
cidadã almeja e a que tem direito.
Domingos Bezerra
Filho
Editorial do Jornal
da Teresina 2ª Edição de 18.02.15
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