quarta-feira, 24 de junho de 2015

Mesmo com os descalabros é preciso acreditar

Há mais ou menos duas semanas Teresina se deparou com um problema sério: a interdição da BR-316, na saída sul da cidade. Ocupantes dos apartamentos do residencial Torquato Neto, na região do Porto Alegre, reivindicavam a oficialização das moradias. A polícia foi acionada para conter o movimento.

Cerca de 3 mil famílias provenientes de vários bairros, alegando sem ter onde morar, ocuparam os imóveis. Os apartamentos foram sorteados, mas os verdadeiros donos para lá não se mudaram. Os ocupantes alegavam que muitos desses proprietários não precisam das casas.

Ontem, uma emissora de tevê inseriu reportagem sobre o abandono de casas e apartamentos em alguns estados. Muitos deles abandonados ainda em construção devido a problemas com as construtoras.

Enquanto isso, milhares de pessoas, dentre crianças, idosos e adultos, precisam de abrigo. As famílias são obrigadas a pagar aluguéis caros, reduzindo o seu poder de compra e sua dignidade porque diminui o dinheiro para as obrigações escolares, o transporte, a comida, o lazer, o vestuário, o medicamento etc.

Ao mesmo tempo, equipamentos públicos construídos nesses conjuntos residenciais são abandonados e atraem vândalos. É o que ocorre com o Espaço Cultural Raimundo Pereira, no Residencial Jacinta Andrade, na zona Norte de Teresina. Os vândalos já quebraram as portas de vidro e outras instalações do prédio, segundo divulgou hoje o jornal Diário do Povo.

E não é só isso. Há muitos exemplos do desperdício do dinheiro público, enquanto boa parte da população permanece abandonada nos porões da indignidade, e nada, absolutamente nada acontece com os dilapidadores dos recursos financeiros do povo.

Em meio a tanto descalabro, vereador de uma cidade do Pará diz que só pode sobreviver se for corrupto. Vocês devem se lembrar de que se atribuiu ao ex-presidente Lula declaração segundo a qual só é possível governar com os mensalões.

Agora, o presidente alerta que o PT perdeu um pouco da utopia e que muitos dos seus filiados só pensam em cargos e em se eleger. Tal postura é comum na política brasileira, que busca renovação.

O que está fazer? Repensar a condução da coisa pública, repensar em construir a vida verdadeira em que as pessoas sejam respeitadas. Regenerar a nação e refazer a República.

Acreditar. Sim, acreditar. Ainda não é o fim do mundo.

Vivemos uma crise moral que a inteligência brasileira há de vencer.

Domingos Bezerra Filho

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 24.06.15


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