quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Regenerar a nação


“A literatura e a política, estas duas faces bem distintas da sociedade civilizada, cingiram como uma dupla púrpura de glória e de martírio os vultos luminosos da nossa história de ontem”. Essas palavras de Machado de Assis abrem o artigo “O passado, o presente e o futuro da literatura”, publicado nos dias 9 e 23 de abril de 1858, em A Marmota (RJ).

Transpusemos tais impressões para mirar o que está às vistas de todos, descortinar o presente caótico da dita sociedade civilizada, em que rebeliões em presídios, invasão de órgãos públicos, tomada de cidades por bandidos armados, corrupção nas várias esferas dos poderes constituídos, destruição da natureza, prostituição de menores, trabalho escravo etc são divulgadas pela mídia.

Em todos os recantos contam-se em poucos os que acreditam nos políticos. Abandonados, os cidadãos não vislumbram boa-vontade nas ações políticas.

Amordaçada pela miséria, pela insensatez, pela falsa liberdade, pela incompetência, pela inexistência de compromisso social; amordaçada pela falta de solidariedade, de ética; pela omissão, pela incúria, pelo egoísmo, pelo analfabetismo político, pela corrupção, pelo descaso para com a Pátria, a população pede socorro.

Mas a nação há de resgatar os valores perdidos na insensatez dos tempos modernos. A nação precisa se regenerar, construir, como dizia Machado, “a união do desinteresse, do patriotismo e das virtudes humanitárias”.

A nação precisa se reconstruir, ou melhor, constituir-se num organismo vivo, pulsante, palpitante, coeso, forte, sereno, com densidade tanta que sua presença na geopolítica mundial se imponha como força transformadora das várias sociedades igualmente injustas, sem dependência dos financistas internacionais que amealham fortunas e aniquilam os mais pobres.

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 20.08.14



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