segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Envolvidos no escândalo da Petrobras devolvem dinheiro desviado


Até a semana passada, cinco delatores da Operação Lava-Jato haviam se comprometido a devolver R$ 423 milhões. Os valores estão bloqueadas em contas no Brasil e no exterior. A devolução, contudo, depende de decisões judiciais. O ex-gerente Pedro Barusco, suposto cúmplice do ex-diretor de Serviços Renato Duque, assinou compromisso de devolver aproximadamente US$ 100 milhões, mais ou menos R$ 253 milhões.
Essa importância é superior ao que a presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB) teriam gasto, cada um, durante a campanha eleitoral. A presidente teria despesas em torno de R$ 300 milhões. Aécio teria desembolsado cerca de R$ 290 milhões.
O jornal O Globo publicou que este é o maior volume de recursos a ser devolvido por intermédio de acordos de delação premiada no país. Até agora, o maior valor era o do ex-secretário de Assuntos Institucionais do Distrito Federal, Durval Barbosa, operador do mensalão do DEM, cerca de R$ 100 milhões em dinheiro e bens.
A onda de delações, a confissão e a promessa de devolução de dinheiro desviado teve início com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que denunciou a estrutura de corrupção em contratos de empreiteiras com a Petrobras e se comprometeu, por escrito, a devolver R$ 70 milhões. Após a delação de Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef confessou envolvimento e prometeu devolver aproximadamente R$ 50 milhões.
Não vamos aqui detalhar o que cada um vai devolver. O que queremos é refletir sobre o desvio de verbas públicas, o pagamento de propinas e a relação incestuosa e viciada entre empresas públicas, políticos, funcionários públicos e empresas privadas. É um crime tão hediondo quanto o seqüestro seguido de estupro e morte.
Por quê? Porque este tipo de esquema retira o pão da boca de uma criança pobre e joga essa criança no leito da rua. Só do que ficou acertado para devolução daria para construir 8.460 casas populares cada uma no valor de edificação de R$ 50 mil. Dependendo do local de construção, considerando-se o preço do terreno, sua localização, o município, o estado etc etc etc. Não fizemos as contas para saber quantos pães daria. Seriam muitas casas decimais.
Revolta também o fato de que esses saqueadores dos bens públicos exibem importância superior ao cidadão comum, ao trabalhador que come o pão que o diabo amassou com os pés e as mãos sujas para alimentar sua família, humilhando-se muitas vezes, calando-se diante de tantos descalabros e tanta falta de vergonha.
Acreditamos, contudo, que essa etapa será vencida com galhardia pelo povo brasileiro. Acreditamos que a justiça será feita. Acreditamos que o cidadão vai se orgulhar do seu país.
O Brasil vive um novo momento e precisa crescer cada vez mais. E o Piauí junto com ele.


Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 24.11.14

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