quarta-feira, 20 de maio de 2015

Editorial: Moradias só devem ser entregues se contarem com o necessário

Dados do Plano Estadual de Habitação de Interesse Social indicam que em 2010 o déficit habitacional em Teresina era de 51 mil unidades. Segundo estudo realizado pelo IBGE, hoje o déficit é de 32 mil moradias, uma redução significativa de 37%.

A considerável redução do déficit deve-se principalmente aos empreendimentos do programa Minha Casa, Minha Vida, que, com a crise, pode estar ameaçado, pelo menos temporariamente. Aliás, os financiamentos habitacionais vão sofrer mudanças com os ajustes que o governo federal está fazendo nas finanças públicas.

Outras forças também contribuíram para a diminuição da carência habitacional, como a iniciativa privada, por exemplo.

O que não dá para entrar na cabeça de ninguém é que, enquanto milhares de pessoas precisam urgentemente de abrigo, o poder público constrói conjuntos residenciais e os deixa fechados sob as mais esfarrapadas desculpas.

Aí aparecem os invasores (junto com eles, os vândalos e os aproveitadores), os quais, alegando “viver de aluguel”, integram novo contingente social, novo grupamento social cujas ações, às vezes desesperadas, podem representar uma bomba prestes a explodir.

O prazo para ocupação dos imóveis é de 30 dias. Ocorre que sem a mínima estrutura, as famílias, com crianças e idosos, adiam a mudança. Esta é uma das razões. Outra: tem gente sorteada que não precisa de moradia. Já a possui e quer fazer negócio com o benefício.

Essas moradias, para ser ocupadas, deveriam dispor de água, luz, calçamento, saneamento básico. Os conjuntos residenciais deveriam ser dotados de equipamentos urbanos como praça, área de lazer, quadras de esporte, posto de saúde, escola, biblioteca, transporte público etc.

Acham muito?

Essas casas e apartamento serão habitados por pessoas humanas, contribuintes, cidadãos, gente que merece respeito, que tem direitos e deveres assegurados nas leis do sistema democrático.

O governo acha que os problemas não bastam? O que as autoridades estão esperando? Um conflito de proporções inimagináveis? Um confronto entre as famílias sorteadas e as ocupantes?

Não dá para entender. Estão brincando com a vida das pessoas. Estão jogando com a vida das pessoas. Estão fazendo demagogia com a vida das pessoas.

Domingos Bezerra Filho

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 20.05.15



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