terça-feira, 26 de maio de 2015

O caso Marcelo: Piauí é mais uma vez humilhado

Marcelo Castro foi desrespeitado pelo presidente da Câmara 
Você está interessado em reforma política? Que sistema de governo você escolheria? Que sistema eleitoral seria melhor para o país? Por que você escolhe um político rico e não um pobre?

Estas perguntas, embora não sejam as que você talvez esteja formulando, nos interessam para afirmar uma coisa: os políticos não querem fazer reforma política nenhuma.  O povo também não. As pessoas não estão nem aí. O que interessa é o bolso com dinheiro e a panela com feijão, carne e arroz.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro, o estado incluído na região dos “superiores brasileiros”, ignorou o relatório apresentado pelo deputado federal Marcelo Castro, do Piauí, o penúltimo estado na confederação desigual brasileira.

O problema não são apenas conflitos entre o parlamentar piauiense e o carioca. O grande problema é que não somos uma federação e o Piauí não existe. Minto, existe só para bater palmas e oferecer títulos de cidadão piauiense como o que oferecemos a Michel Temer e às centenas de falsas lideranças nacionais.

Tenhamos coragem de dizer a verdade: o Brasil é um país que não respeita os brasileiros. Ou melhor, os brasileiros do lado de cá não se respeitam. Passam a vida toda a puxar saco dos poderosos do Sul Maravilha, amargando a falsa distribuição da riqueza nacional.

Mas o que tem isso a ver com a reforma política? Tudo a ver. Da mesma forma que passamos a vida a puxar o saco dos sulistas, hoje batemos palmas para eles e eles nos ignoram, como o carioca vai agora ignorar o relatório apresentado por Marcelo Castro. Os do contra a verdade dirão que estou a defender o Marcelo. Não, isso não me interessa.

Voltemos ao início da República. Coelho Rodrigues produziu o texto do Código Civil Brasileiro, mas o governo de Floriano Peixoto não lhe permitiu aprovação e o que foi aprovado depois tem a assinatura do cearense Clóvis Belivácqua, casado com uma piauiense, a poetisa Amélia de Freitas Bevilácqua. Mas a base do texto era do piauiense.

É preconceito? De inferioridade? De superioridade? É arrogância? Ou mendicância?

Somos acostumados a mendigar cargos ao Planalto e receber breves tapinhas nas costas para agradar a pequenas lideranças, a lideranças de burgos, a lideranças humílimas que se rebaixam aos grandes líderes nacionais e, aqui, humilham os paupérrimos piauienses.

O Piauí, rebaixado mais uma vez, diz sim aos poderosos do Planalto e, por isso, permanece na planície, a suplicar uma atenção, um pedaço de pão, uma verbinha de gabinete para distribuir nos porões da miséria que mata o povo no campo.

Domingos Bezerra Filho

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 26.05.15



Um comentário:

  1. Muito lamentável este fato, mas infelizmente isto é uma realidade. Os piauienses são constantemente discriminados no Congresso Nacional. Não é possível que não vá aparecer nenhum herói estadual.

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