quinta-feira, 10 de abril de 2014

Quem vai pagar pela morte do idoso no HUT?



Dizem que a morte sempre procura uma desculpa. Levando-se em consideração essa afirmação já inscrita na cultura popular, vão dizer que o paciente do HUT identificado como Milton Sérvulo Machado, que morreu na noite desta terça-feira (7) após ser atendido no chão daquela casa de saúde, faleceu porque chegou o dia dele.

Milton Sérvulo deu entrada no hospital com insuficiência respiratória. Após ser atendido no chão, deitado sobre um lençol, o paciente foi transferido para o setor de emergência. Mesmo com os esforços desenvolvidos pelos servidores que o atenderam, o homem morreu.

A imagem do idoso correu o país, nas redes sociais e na televisão. Algumas pessoas que estavam no hospital acompanhando parentes informaram que outras mortes lá também já se registraram por causa da precariedade no atendimento. A direção do hospital reconhece a carência na prestação dos serviços e a excessiva demanda. O hospital atende a cerca de duas ou três vezes mais a sua capacidade.

Várias sugestões, várias idéias, várias propostas vêm sendo feitas. As mais divulgadas referem-se a aluguel de leitos de hospitais e clínicas privadas e a utilização do Hospital Getúlio Vargas (HGV) nos atendimentos de emergência.

A verdade que não quer calar é esta: a saúde pública não tem sido prioridade. Atendem-se às pessoas pobres como se tratasse de animais irracionais, no chute ou no chicote.

Há décadas esse problema vem se repetindo. Não há vagas. Não havia no HGV nos anos 70, 80, 90 do século passado. Não há vagas no HUT. Enquanto isso, os hospitais regionais da cidade e do interior também não realizam a contento os seus serviços por absoluta falta de capacidade operacional, de investimento em sua melhoria técnica, tecnológica, científica e nos recursos humanos.

Quem vai pagar pela morte desse idoso e de outros sobre os quais não temos informação?

A saúde é um direito social. Neste caso, a família prejudicada pode acionar a justiça, não para repor o dano, o que é impossível, mas para pelo menos usufruir do direito de  reclamar, de protestar, de clamar por justiça.

Até quando vão matar inocentes nos hospitais públicos?

Editorial do Jornal do Meio-Dia (Teresina FM) de 10.03.14



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