sexta-feira, 16 de maio de 2014

A tragédia anunciada


As tragédias brasileiras, quando envolvem o setor público, são geralmente anunciadas. Assim ocorreu com o estouro da barragem de algodões, em Cocal, na região Norte do estado. Da mesma forma vem ocorrendo nos presídios espalhados pelo País. Igualmente se registra nos hospitais caóticos distribuídos em todos os estados.

Ontem, em Caxias (MA), a escrivã Loane Maranhão da Silva Thé foi assassinada dentro da Delegacia da Mulher. Hoje, a delegada do Menor Infrator de Timon, Idelzuite Matos, ex-professora de Loane, disse que a estrutura das delegacias não atendem às necessidades e que o crime é uma “tragédia anunciada”.

Temos que reclamar, temos que protestar, temos que gritar contra o descalabro no serviço público. Como é que se toma depoimento de qualquer suspeito ou acusado de delito ou crime sem a precaução da vigilância e da segurança? Além do mais, como é que se permite o acesso de pessoas suspeitas ou acusadas para prestar depoimento portando armas? Não houve revista? Ele escondia uma faca e com ela tirou a vida da moça.

O erro não é só da estrutura, mas da falta de reciclagem também. É inadmissível que um depoimento seja tomado unicamente por uma pessoa, ainda mais uma mulher, fisicamente mais frágil do que homem. A delegada de Timon disse que falta pessoal.

Na realidade, a estrutura do serviço público está falida ou mal-gerida? Se está falida, é por que é mal-gerida?

O homicida é acusado ou suspeito de ter abusado sexualmente de duas filhas. Acusado de um crime hediondo e não se toma nenhuma precaução contra tal indivíduo? É inadmissível.

Sem dúvida houve negligência. Ou mesmo desídia. Segundo juristas, há desídia quando o funcionário incorre em “negligência, preguiça, má vontade, displicência, desleixo, indolência, omissão, desatenção, indiferença, desinteresse, relaxamento. A desídia pode também ser considerada um conjunto de pequenas faltas, que mostram a omissão do servidor no serviço, desde que haja repetição dos atos faltosos”.

As tragédias anunciadas brasileiras vêm vitimando inocentes. A quem responsabilizar? O tio de Loane, advogado Nazareno The, culpa o Estado.

Aliás, o Estado, este ente opressor que nos impõe modelos de conduta social e nos cobra muito pelo suado salário, mostra-se desorganizado, carecendo de um choque em sua estrutura funcional para cumprir as com as responsabilidades e incumbências.

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 16.05.14 (Teresina FM)






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