quinta-feira, 17 de julho de 2014

Escolas e presídios



Somos acostumados a cobrar ações eficazes do poder público contra a violência que nos ataca toda hora. Na porta de casa, dentro da repartição, no posto de gasolina, na escola, na igreja, no cemitério, no meio da rua. Cobramos e não achamos solução.

Cobramos a construção de mais presídios. Cobramos a contratação de mais policiais civis e militares, cobramos a contratação de investigadores, cobramos a contratação de mais agentes penitenciários, juízes, etc, etc, etc.

Não cobramos a construção e a melhoria de escolas públicas, estas, sim, as formadoras de gente, de caráter, de verdadeiras pessoas humanas com as quais convivemos e das quais esperamos atenção, carinho, dedicação, amor.

Cobramos da justiça a prisão dos marginais. Muitos de nós pedimos até a pena de morte para aqueles que cometem crimes os mais hediondos. Cá comigo chego a pensar que muitos desses bandidos merecem mesmo a pena de morte, que não é legalizada em nosso país. Mas ela existe por aí, no meio do povo, este, sim, condenado à podridão da corrupção, da desonestidade, da imoralidade, da hipocrisia, da mentira.

Por que não cobramos a aquisição de livros para as bibliotecas públicas? Aplaudimos os shows que nossos prefeitos contratam para oferecer o circo e o ópio ao povo nas praças públicas, mas não cobramos a ampliação do número de bibliotecas públicas na cidade e no estado.

Todos queremos galgar novos postos no contexto da sociedade, queremos subir. Como diz a letra da música, “todo mundo quer subir, a concepção da vida admite, ainda mais quando a subida tem o céu como limite”. Mas esquecemos de que para subir é preciso construir a escada, a escada moral baseada na dignidade da pessoa humana, na honestidade, na verdade, no compromisso social e individual, na responsabilidade pessoal com as pessoas e com a vida, com a vida de cada um e de todos.

Estamos em plena campanha eleitoral. Você já ouviu ou viu algum candidato falar da distribuição de livros? Acredito que não. Duvido até que algum deles tenha se lembrado de ter lido alguma coisa. O que leram já esqueceram.

Como vão querer construir um estado decente se sequer têm programas para a difusão da cultura e do conhecimento?

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 17.07.14





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