terça-feira, 10 de março de 2015

Só ação policial não vai resolver o problema da criminalidade

O deputado federal Fábio Abreu, capitão reformado da Polícia Militar, tomou posse nesta terça-feira do cargo de secretário da Segurança Pública, garantindo combate incansável aos homicídios e roubos.

Todos sabemos da capacidade de trabalho, do empenho, da dedicação, do preparo moral, enfim, das qualidades que formam o caráter do capitão. Nele depositamos confiança no exercício da função. Confiamos no trabalho da PM e da Polícia Civil, duas das melhores do País.

Além de atingir os mais desassistidos, postos na base da pirâmide social – o que é comum nestas bandas –, a insegurança pública se espalhou como uma epidemia por todo o contexto social com o aumento no tráfico e no consumo de drogas.

Em que pese o composto biológico e cerebral, cientistas sociais afirmam que o ambiente é fator decisivo na determinação do comportamento agressivo da pessoa. Um ambiente agressivo e injusto, onde os maus tratos são comuns, molda o cérebro e pode formar uma pessoa psicológica, emocional e mentalmente violenta.

A ausência de assistência social, a pouca oportunidades de mobilidade socioeconômica - que inclui atenção básica nas ações de saúde e educação – a inexistência de equipamentos de uso social como quadras esportivas, bibliotecas, cinemas, teatros para a ocupação da criança e do adolescente etc, etc podem ser listados como indutores da violência, segundo pesquisadores.

A ação policial reprime a violência e chega a reduzir seus efeitos por causa do medo que impõe aos criminosos. Contudo, por si só, não impede que novos transgressores se formem no ambiente social quando este ambiente social é palmilhado de desregramentos, desvios de conduta, de injustiças, maus-tratos.

É preciso advertir, então, que não é apenas troca de nomes que vai alterar substancialmente o quadro atual. Já passamos por isso.

A vinda da Força Nacional que, junto com as polícias locais, vai enfrentar a bandidagem, é um reforço. E quando ela tiver que deixar o estado? Ora, muitos dos nossos bandidos, quando a Força Nacional aqui permanecer, migrarão para outros estados.

A epidemia da criminalidade atingiu o País.

São Paulo e Rio de Janeiro são exemplos cabais de que só a ação policial não resolve o problema. Se só isto resolvesse, esses dois estados seriam o paraíso. Ao contrário, permanecem dois infernos na Terra do Pau Brasil.

Domingos Bezerra Filho

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 10.03.15



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