segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Reflexão sobre o assassinato do camelô piauiense por policial em São Paulo

A morte do camelô piauiense residente em São Paulo há, pelo menos, dez anos, é apenas um indicativo de como precisamos imediatamente reciclar os policiais e cuidar efetivamente da segurança pública. Não estamos nos referindo, em hipótese particular, aos policiais piauienses, os quais consideramos de exemplar conduta.

Mas é preciso botarmos o dedo na ferida e reconhecermos que a conduta do policial precisa mudar em todo o país. Aliás, em São Paulo, muitas vezes não se consegue separar o policial do bandido. Por outro lado, ser policial, ser militar, enfim, nas grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, resulta em correr risco, em sair de casa sem saber se vai voltar ao terminar o expediente. Muitos já tombaram em combate, principalmente os honestos, os justos, os cumpridores do seu dever. Até aqui no Piauí.

Sabe-se que os marginais valem-se do anonimato e da facilidade que têm de se esconder, de fugir, com a utilização do dinheiro e dos bens que roubam e assaltam. Escondem-se e, então, ao saberem da presença ou da proximidade de qualquer militar buscam tirar-lhe a vida. Esta é uma realidade em São Paulo e no Rio de Janeiro. Além disso, os policiais tem atividade altamente extressante.

E o nosso conterrâneo? Casado, pai de família, morto por um policial que já responde por outra morte, cometida em março naquele estado. O que permitiu a presença, nas ruas, desse policial? O protecionismo, a corrupção, o corporativismo?

A polícia, como instituição, precisa se renovar, adotar posturas mais cidadãs, mais dignas, mais justas. Devem-se reciclar não apenas os policiais inferiores, não, mas os superiores, também. Se o comandante desse policial acusado de matar o piauiense deu autorização para ele permanecer na rua mesmo com um crime nas costas, esse comandante deve se reciclar. Ou foi outro problema? Falta policial? O contingente é reduzido? Mesmo que o seja, não justifica.

O camelô piauiense também extrapolou porque tentou tomar alguma coisa da autoridade policial. Sem dúvida, uma atitude impensada.

A polícia deve ser aliada do cidadão; não inimiga dele, como se comportou o policial paulista.

No Piauí, a proposta do Ronda Cidadão é exatamente esta. Em alguns estados, a ideologia da polícia cidadã vem sendo adotada. Pernambuco e Amará são dois dessas unidades federativas a implantar esse novo modelo.

Aqui, no distante e pobre Piauí, é premente cultivarmos nova prática para evitar que o nosso policial, um dos melhores do país, se transforme no que o policial paulista que matou nosso conterrâneo se revelou.

Nós todos, por outro lado, respeitemos a autoridade policial, na medida em que ela é o representante do Estado com a obrigação legal de proteger o cidadão.

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 22.09.14



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