quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Força Nacional, sim, mas precisa de muito mais

O governador Wellington Dias anunciou a chegada da Força Nacional ao Piauí na primeira semana de março para reforçar a segurança pública e atender aos reclamos da sociedade piauiense, que não mais aguenta a sensação de insegurança. O governador procura cumprir, assim, a garantir dada no dia da posse, quando decretou estado de emergência administrativa em vários órgãos.

Na sexta-feira (6), o soldado PM Nunes foi assassinado por adolescente durante tentativa de assalto ao filho do governador na zona Leste de Teresina. O governador sentiu mais de perto o que a população sente há tempos. E não só aqui, na capital. No interior do estado e no litoral, a insegurança toma conta de muitos.

Pois bem. Recebamos a Força Nacional como mais uma tentativa de reduzir, coibir, inibir a ação marginal. Ela é composta de policiais federais e militares dos estados e acode os estados em situação de distúrbio público, com a aquiescência do governador. No nosso caso, o governador pediu a internação dela.

O aparato de segurança pública piauiense é ínfimo para o tamanho do problema. Há policiais de menos e bandidos de mais. Embora a polícia saiba quem são os bandidos, como aqui e acolá declaram alguns policiais, eles são presos e postos em liberdade pouco tempo depois. Dentre os especialistas, há aqueles que defendem a redução da maioridade penal e outros listam uma série de soluções menos radicais.

O certo é que o crescimento da criminalidade e da violência social está intimamente ligado ao tráfico e consumo de drogas. A atuação da Força Nacional e das polícias civil e militar do Piauí contribuirão, sem dúvida, para oferecer mais credibilidade, ou seja, mais sensação de segurança, mas, por si só, não resolverá a questão.É uma questão tópica, cosmética, mas necessária e urgente.

Se a origem do problema está no tráfico e consumo de droga, imprescindível se faz focar no nascedouro de tal problema. E aí envolve ações a médio e longo, com a implementação de políticas públicas que mirem as condições morais, socioeconômicas, educacionais etc, etc, etc. Não é fácil. Não é apenas um problema. São Muitos.

Ao mesmo tempo em que se tenta conter o avanço da criminalidade, com punições para os criminosos, deve-se adotar políticas públicas transversais, com a participação das instituições oficiais e da sociedade civil, incluindo a família, esta, principalmente, esta, a família, encoberta na crise moral que abala a todos.

Domingos Bezerra Filho

Editorial do Jornal da Teresina de 10.02.15


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