quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

O crime não atinge só a periferia das cidades, mas os centros também

A jovem Suzane Richthofen disse, em entrevista concedida ao apresentador Gugu Liberato, da TV Record, cuja primeira parte foi levada ao ar na noite desta quarta-feira (25), que se não tivesse usado drogas dificilmente participaria do assassinato dos pais, Manfred e Marísia Richthofen, na noite do dia 31 de outubro de 2002, em São Paulo.

A moça, hoje com 31 anos, condenada a 39 anos de prisão, diz que arquitetou o crime junto com o namorado, Daniel Cravinhos, e o irmão dele, Cristian, durante meses. A mãe dela não via com bons olhos o namoro com o instrutor de aeromodelismo, tendo sido, ela, Marísia, quem apresentou a filha ao rapaz em um clube da capital paulista, em 1999.

A mãe insistia para que Suzane acompanhasse o irmão Andréas, no clube, durante as sessões de treinamento em aeromodelismo. Foi o começo da tragédia e da mudança drástica e radical na vida dos Richthofen e dos Cravinhos. A moça afirma ter levado a pior, por causa da paixão indomável. Por todos os lados e sentidos, a influência de Daniel, que a incentivou ao consumo de drogas e a premeditar o assassinato.

Suzane revelou que, dentro de casa, era obrigada a cumprir horários em todas as atividades, do levantar da cama ao voltar ao sono, passando pelo café da manhã, almoço, jantar, cumprimento de tarefas escolares, etc.

À distância de casa, longe do olhar rigoroso, responsável, mas amoroso dos pais, a moça se sentiu livre porque a ela tudo era permitido: as baladas, o namoro apaixonado com Daniel Cravinhos, o consumo de drogas, os desvios dos ensinamentos familiares, a falta de moral, de ética, de responsabilidade com a vida, o esquecimento de Deus. Toda a falsa liberdade do mundo lhe era concedida.

A mãe, psiquiatra; o pai, engenheiro, não aquilatavam o quanto a liberdade concedida à filha lhes seria fatal, trágica. Uma liberdade que os conduziria à morte.

A falsa liberdade que ronda muitos dos nossos lares, está a dizimar famílias inteiras Brasil adentro. Famílias que se tornam prisioneiras da maldade e do crime. Famílias prisioneiras da ilusão. Famílias reféns da miséria moral. Famílias dependentes de ações para o crescimento espiritual e aproximação com a divindade.

Famílias, embriões da Pátria, cuja construção se retarda e que, por isso mesmo, voltam-se contra seus próprios lares e destroem seus mais relevantes sentimentos, como a benquerença, a solidariedade, o respeito, o carinho, o amor.

O crime, espalhado pelo colossal Brasil, não atinge só a periferia, mas também certas famílias centrais que infelizmente não debelaram a influência perniciosa e miserável da droga.

E todos nós, aonde vamos?

Domingos Bezerra Filho

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 26.02.15


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