segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Sociedade civil acorda para a violência e a criminalidade

O avanço da criminalidade e da violência em Teresina vem mexendo com a tranqüilidade e os costumes dos moradores da cidade. O antigo hábito de sentar-se à porta de casa para conversar, à noitinha, não é tão comum como o era há cerca de 20 anos ou 30 anos.

A luta oficial no combate à epidemia social da criminalidade, uma doença fruto da peste emocional do mundo contemporâneo, tem sido inócua, não produz os efeitos esperados em que pese o esforço desenvolvido pelos Poderes Executivo e Judiciário, além do Ministério Público. A Assembleia Legislativa pouco tem se manifestado.

O problema é sério e exige a efetiva ação da sociedade civil, como temos sugerido aqui, exatamente pelo fato de que as iniciativas, com prisão de criminosos e outras ações, não são suficientes para reduzir os prejuízos materiais, emocionais, financeiros, morais, éticos que a onda de violência deixa no seu rastro.

A sociedade civil, preocupada, começa a esboçar as primeiras reações no sentido de discutir o tema, como se propõe o grupo auto-intitulado Pense Piauí, integrado por autoridades e personalidades de vários segmentos sociais, entre as quais o desembargador Edvaldo Moura e o juiz Carlos Brandão.

Anuncia-se para abril ou maio o início de uma série de palestras para discutir a violência, tendo acertada a vinda do secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Maria Beltrame. Já não era sem tempo. Os múltiplos aspectos indicam ser necessária a discussão com especialistas.

Faz-se imprescindível tomada de decisão urgente na caça aos traficantes, na formatação de novo padrão jurídico, na construção de novas políticas para o tratamento da coisa pública, na assistência social aos mais carentes e humildes, na construção de uma escola sadia em que a comunidade escolar se refaça e se renove, na difusão de valores morais e éticos que possam fazer frente à peste que hoje consome boa parte das mentes dos cidadãos, muitos dos quais valorizam mais o ter e pouco ou quase nada o ser.

As discussões em torno da violência e da criminalidade devem conter as tentativas de reconstrução da família brasileira, ameaçada pelo poder excessivo do capital, através do qual a dignidade humana, o respeito ao próximo, a solidariedade, o espírito de companheirismo são apenas um amontoado de palavras, distantes da realidade íntima de cada um.

Domingos Bezerra Filho

Editorial do Jornal da Teresina 2ª Edição de 16.02.15





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